O set list do São João dos leitores do CORREIO só faz aumentar. Desta vez são 119 mil exemplares do novo CD do pernambucano Israel Filho, 59 anos, O Cantador do Mundo. Sua história na música começou há tempos, sempre recebendo influências do mestre Luiz Gonzaga (1912-1989), homenageado na música-título.
Apesar de ter trabalhado muito como programador de sistema, Israel não deixou de lado a dedicação para compor e cantar suas músicas. Nascido no município de Caruaru, que fica a 130 quilômetros de Pernambuco, ele teve sua primeira experiência numa banda em 1970. Em 79, foi convidado para participar de uma homenagem para o Rei do Baião. Lá, cantou A Triste Partida, de Patativa do Assaré (1909-2002).
Em São Paulo, onde passou a morar nos anos 80, Israel conseguiu uma visibilidade maior através dos festivais que participava. “Trabalhava como programador durante a semana e nos finais de semana eu cantava nos festivais. Cheguei a ganhar um no Paraná”, diz.
Prêmios
Israel já havia lançado três LPs, sendo um pela gravadora Copacabana e dois pela PolyGram, mas foi em 1990 que sua carreira começou a deslanchar com o quarto disco, intitulado Sonho Vadio, pela gravadora Continental. “Esse álbum mudou a minha vida e me deu a conquista do Prêmio Sharp de Música”, relembra o cantor. Ele atribui o sucesso do álbum a Gonzagão, que exerceu uma grande influência no seu trabalho.
Ao ficar sabendo da morte do amigo, Israel escreveu a música Saudades da Asa Branca, que entrou de última hora naquele LP. “Eu tinha uma amizade muito grande com Luiz. Em 1989, passei na frente da igreja de Santa Luzia, que era padroeira dele, e começou a ser anunciado que ele havia morrido. Chorei quando soube que Gonzagão morreu. Tanto por ser meu amigo, como também por não ter gravado com ele”, lamenta o pernambucano, e completa: “Veio uma frase na minha cabeça, parei o carro e comecei a compor a música”.
Israel mandou, então, a canção para o Festival de MPB de Ilha Solteira, em São Paulo. Depois de 15 dias, soube que ela havia sido selecionada. Foi por causa dessa música que Israel foi indicado para concorrer na categoria Revelação Masculina do Prêmio Sharp de Música, televisionado pela Globo e apresentado por Chico Anísio, Lúcia Veríssimo e Paulete.
Rei do Baião
Gonzagão continua sendo a temática principal de Israel Filho. Ano passado, ele relançou em CD, com mais duas faixas inéditas, seu álbum dedicado ao Rei do Baião. “Em 2011 tive um sonho com Luiz e comecei a compor”, conta o cantor sobre as novas músicas, como O Cantador do Mundo, composta por ele e pelo baiano Aldo Souza e escolhida para batizar o CD promocional do CORREIO. Além dessa canção, o CD traz mais quatro parcerias entre Israel e Aldo. E outras sete somente de Aldo.
Uma das composições da dupla é Overdose de Forró, que retrata a alegria dos baianos. “Acho que essa música vai bombar no São João, porque ela é alegre e a gente fala da Bahia”, acredita Israel.
Mas as suas letras também têm uma preocupação com as questões sociais e com a realidade nordestina. “A minha grande diferença é que tenho uma preocupação socioeducacional, a exemplo da canção Sopa de Aruá”, diz o músico ao se comparar com outros artistas do gênero. E completa: “Mesmo sendo um trabalho alegre, falamos também dos problemas, como por exemplo as drogas que vêm acabando com a vida de muitos por aí”.
Uma das marcas da trajetoria de Israel é a regravação de Ai Que Saudade D’Ocê, sucesso de Vital Faria, registrado, além dele, por artistas como Elba Ramalho e Geraldo Azevedo. “Eu quis que essa música fosse novamente apresentada ao Brasil. Estou gravando mais uma vez porque ela
faz parte da minha carreira”, resume.