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Gonzagão era mestre na arte de sanfonizar as canções

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Eu (não) fazia (música) nenhuma, era minha e dele; eu fazia nada, era minha e dele; ele fazia dez, era minha e dele”, a confissão é de Luiz Gonzaga, respondendo uma pergunta de Gonzaguinha sobre sua parceria com Humberto Teixeira, no programa Proposta, da TV Cultura, em 1973. A figura de Lua é tão imensa que põe sombra sobre os seus parceiros, mesmo os mais importantes, como o citado Humberto ou Zé Dantas.

Os exegetas mais fervorosos de Luiz Gonzaga insistem que ele foi coautor das centenas de canções que gravou, independentemente do próprio Gonzaga ter revelado várias vezes que recebia as canções prontas, as “sanfonizava” (um termo dele) e interpretava.

Com exceção de compositores profissionais como Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, responsáveis por Boiadeiro, que virou o prefixo dos shows de Gonzaga, ou do irascível Patativa do Assaré, que se recusou terminantemente a deixar que Luiz Gonzaga assinasse Triste partida como parceiro, a maioria dos autores das músicas gravadas por ele não fazia objeção, muitos até faziam questão de tê-lo como parceiro. Porém, tratando-se de Luiz Gonzaga, não é tão simples. Ele não é apenas mais um caso – muito comum na velha guarda da MPB – de “comprositor” (que comprava música). Dominguinhos, o artista que mais tempo conviveu com o Rei do Baião, comentou esta faceta de Lua: “Ele uma vez me disse que tinha compositor que mandava uma fita pra ele cantando a música e batendo numa lata. Seu Luiz pegava esta música e tratava”.

O violonista, gaitista, compositor, cantor e produtor Rildo Hora, nascido em Caruaru, mas desde criança morando no Rio de Janeiro, compartilha a mesma opinião de Dominguinhos. Ele teve seis composições gravadas por Luiz Gonzaga, duas delas em parceria com Humberto Teixeira (foram parceiros, ele e Teixeira, em mais outras sete), e produziu os discos de Lua no começo dos anos 1970.

“Eu entrei na RCA em 1968, eu e mais outros novos produtores. O pessoal queria que a gente gravasse com artistas novos, mas eu insisti com Luiz Gonzaga. Eles me diziam que era perda de tempo, porque Gonzaga não vendia mais discos. Mas aí, vai ele e grava Ovo de codorna (de Severino Ramos), num disco que produzi e que o trouxe de volta à cena. As parcerias com ele eram de Gonzaga dar o mote, e eu fazer letra e música. Às vezes era um tema, uma frase, eu fazia letra e música, mas não deixava de ser parceria”, diz Rildo Hora. Ele chegou a assinar também uma destas parcerias com Helena Gonzaga, por conveniência de editora musical.

O produtor foi muito amigo de Gonzaga, de frequentar o famoso sítio em Miguel Pereira, e serem compadres (Lua é padrinho de uma filha de Rildo). Foi também amigo de Humberto Teixeira, e tem uma opinião quanto às parcerias do pernambucano com o cearense. “Conheci bem Humberto, e ele não tinha muito ritmo. Luiz aprendia a música e arrumava, então, pra mim, era parceria”, diz Rildo Hora, que se tornou tão requisitado como produtor que se viu obrigado a deixar de produzir Gonzaga e o convenceu que aceitasse ser produzido por Luiz Bandeira.

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