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Alceu Valença fala de tributo a Gonzagão

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Para celebrar o centenário do rei do baião, Luiz Gonzaga (1912-1989), o cantor pernambucano Alceu Valença apresenta o show “Lua e Eu”, nesta sexta-feira, dia 1°, às 21 horas, no ginásio de esportes do Sesc Rio Preto.

O evento dá início ao “Especial Cultura Popular”, programa junino da entidade que valoriza a figura do caipira. Trata-se de uma mescla temática, poética e estilística do cancioneiro dos dois.

Veja abaixo o breve bate-papo do artista com o Diário da Região:

Diário da Região – O que preparou para o show de Rio Preto?

Alceu Valença – Neste show, celebro minha relação com a música nordestina, sobretudo a constituída a partir dos elementos estéticos e musicais formatados por Luiz Gonzaga, o grande homenageado neste ano de seu centenário. Nasci na mesma região em que ele e conheci de perto as matrizes de sua música: os cantadores, os aboiadores, os emboladores que eu costumava assistir na infância, na Fazenda Riachão, em São Bento do Una, perto do sertão de Pernambuco. Vou interpretar músicas do repertório dele – como “Asa Branca”, “Sala de Reboco”, “Cintura Fina”, “Vem Morena”, “Juazeiro”, “Sabiá” – e também do meu, principalmente aquelas que possuem semelhanças rítmicas ou temáticas com Luiz: “Coração Bobo”, “Cavalo-de-Pau”, “Pelas Ruas que Andei”, “Embolada do Tempo”, “Tropicana” e por aí vai. Estarei acompanhado por minha banda e também pela sanfoneira Lucyane Alves, do grupo Clã Brasil, da Paraíba, que fará uma participação especial no show. Inclusive, sua estreia será em Rio Preto. Trata-se de um jovem talento da verdadeira música brasileira. Além de tocar sanfona com muita qualidade, ela vai cantar uma música de Luiz Gonzaga, “Qui Nem Jiló”.

Diário – Como definiria sua relação com esta figura emblemática da cultura nacional?

Valença – Todo artista nordestino, principalmente do sertão, descende um pouco de Luiz Gonzaga. Lembro que, certa vez, no início de minha carreira, ele apareceu de surpresa num show que fiz numa cidade próxima a Novo Exu, onde ele morava. Fiquei um pouco desconsertado com a presença dele, mas ele me falou ao final do espetáculo: “sua música é uma banda de pífanos elétrica!”. No dia seguinte, fomos eu e a banda toda tomar café da manhã em sua casa, antes de seguirmos viagem. Anos depois, gravei em dueto com Luiz uma composição minha com Carlos Fernando, chamada “Plano Piloto”, em homenagem a Brasília. Eu cantava as partes mais ligeiras e ele fazia o xote. É uma gravação memorável e pouco conhecida. Quando me encontrei com ele pela última vez, Luiz me pediu para nunca deixar o forró morrer. De alguma maneira, sinto que tenho esta responsabilidade. Eu e tanto outros grandes colegas que mantém vivo o legado da melhor música nordestina.

Diário – Recentemente, o senhor divulgou um vídeo reclamando da falta de um palco destinado ao forró na Virada Cultural. Acredita que o gênero, ainda hoje, sofra preconceito musical? Por quê?

Valença – Acho que a música brasileira corre o risco de seguir por um caminho perigoso na direção do descartável, do meramente comercial, superficial e supérfluo. Este ano mesmo, vejo muita gente que não tem nada a ver com a música de Gonzaga pegar carona no centenário dele. Mas a herança de Luiz Gonzaga é maior e sobrevive mesmo com um panorama mercadológico francamente adverso. Uma prova disso é o grupo Clã Brasil, onde toca Lucyane, que participa deste show comigo. Posso citar também o cantor e sanfoneiro Ari de Arimateia, que atuou em meu filme, a “Luneta do Tempo”, como um herdeiro legítimo da escola de Luiz. São jovens que tocam a sanfona do povo.

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