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O auto da Compadecida ganhará adaptação para quadrinhos

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Pela primeira vez, após quase sete décadas de produção literária e cênica, a obra de Ariano Suassuna vai ser transposta para os quadrinhos. Não por falta de interesse dos possíveis adaptadores, mas pela resistência do escritor, com sua caricata aversão a modelos estrangeiros: “gibi é coisa de americano”. Prestes a completar 87 anos (o aniversário é nesta terça-feira), Ariano fez uma concessão: O auto da Compadecida ganhará roupagem de romance gráfico pelas mãos do ilustrador pernambucano Jô Oliveira.

A autorização foi dada após reportagem publicada há um mês, pelo Diario de Pernambuco, onde o artista foi apontado como criador da primeira graphic novel brasileira, A guerra do reino divino. Publicada há 40 anos, a HQ foi inspirada na estética sertaneja narrada por Suassuna, em especial no romance Pedra do reino (1971). Nos últimos anos, Jô Oliveira tentou contato com o ídolo por três vezes, mas recebeu apenas respostas vagas.

Segundo o genro e assessor pessoal de Ariano, Alexandre Nóbrega, ao ler o pedido publicado no jornal, o dramaturgo ratificou não gostar de gibis, embora simpatize com os traços do quadrinista. “Ele [Ariano] só não terá condições de participar da adaptação, mas pode ser feito, sim”. A notícia foi recebida com alegria pelo ilustrador, cujos primeiros esboços da HQ foram cedidos com exclusividade ao Diario.

“A resistência é compreensível, pois escritores tratam os livros como uma filha bonita. É natural você se preocupar com quem ela vai casar”, brinca Jô Oliveira. O próximo passo é encontrar quem será o responsável por adaptar a peça de teatro para história em quadrinhos. “Seria bom uma pessoa de confiança de Suassuna. De preferência, quero uma adaptação para a linguagem da literatura de cordel”. A confecção da graphic novel deve levar de quatro a seis meses.

Jô Oliveira já ilustrou mais de 60 livros infantis, voltados para a educação e promoção da leitura. Futuramente, ele planeja adaptar Ariano Suassuna para crianças, assim como fez com obras de Shakespeare. “É possível transformar a história para o público infantil ter acesso ao texto de uma maneira menos pretensiosa, mas que desenvolva o gosto pela obra. Quando lido com o texto, utilizo desenhos narrativos, acoplados com a história. Tenho visão de educador”.

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