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Aos 71 anos, músico Arlindo dos 8 Baixos morre no Recife

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Morreu nesta quarta-feira (23), aos 71 anos, no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, no Recife, o músico pernambucano Arlindo dos 8 Baixos. Ele tinha diabetes e estava na unidade de saúde, localizada no bairro dos Coelhos, fazendo um tratamento de rotina de hemodiálise. O sanfoneiro perdeu a visão há cerca de dez anos por conta da doença. Ele também teve as duas pernas amputadas devido a diabetes. Ainda não há informações sobre o velório e o enterro.

Arlindo Ramos Pereira nasceu em 16 de abril de 1942, no povoado de Santo Amaro, município de Sirinhaém, na Mata Sul de Pernambuco. Quando criança, trabalhava em um engenho de cana-de-açúcar da região, mas já arriscava os primeiros acordes na sanfona.
O primeiro contato com a de oito baixos foi aos 10 anos, através do instrumento que pertencia ao pai. De início, Arlindo não era autorizado a tocar na sanfona, contudo, tomou tanto gosto pela música que acabou ganhando uma de presente.

Ele deixou a roça de lado quando aprendeu a cortar cabelo e, convidado por um tio, veio morar em Ponte dos Carvalhos, no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife.
Entre um corte de cabelo e outro, costumava tocar a sanfona para treinar, o que atraía a atenção de clientes e transeuntes. O repertório era variado, do forró ao chorinho, passando por ritmos latinos como tango e cumbia.

O músico, então, começou a tocar em pequenas festas até que, aos 23 anos, já morando no bairro do Fundão, no Recife, passou a ter mais contato com outros artistas e radialistas. Foi quando surgiu o convite para entrar na banda Coruja e seus Tangarás, grupo que o fez viajar pelo Brasil e o deu a oportunidade de abrir uma apresentação de Luiz Gonzaga.

Em entrevista concedida ao G1 em 2012, Arlindo, que também afinava sanfonas, lembrou de quando conheceu o Rei do Baião: “No dia seguinte [ao show], ele apareceu na minha casa. Eu nem acreditei quando o vi. Afinei o instrumento e não quis cobrar, mas ele queria me ajudar e deu para minha mulher, no valor de hoje, cerca de R$ 1 mil, dinheiro que eu não ganharia em um mês.”

A amizade só cresceu desde então e Arlindo tocou com Luiz Gonzaga por 22 anos. Foi Gonzaga, inclusive, quem o incentivou a tocar o fole de oito baixos. Em mais de 50 anos de carreira, Arlindo gravou mais de 200 músicas, a maioria instrumental.

Repercussão
Aristas e músicos próximos a Arlindo dos 8 Baixos lamentaram bastante a morte do compositor. O sanfoneiro Santana afirmou que sempre fazia apresentações na casa de forró mantida pelo amigo, no bairro de Dois Unidos, Zona Norte do Recife. “Principalmente para o lado do fole de oito baixos, a gente perde um virtuoso. Ele foi um dos que ganhou disco de ouro tocando música instrumental de oito baixos”, disse. “Da última vez que o encontrei, ele me reconheceu pela voz”, lembrou Santana.

A forrozeira Nádia Maia também ressaltou a perda que a morte de Arlindo representa para a música nordestina. De acordo com ela, o instrumento que ele tocava é de difícil aprendizado, o que faz muitos jovens acabarem desistindo de se aperfeiçoar. “Da última vez que o vi, em um evento na Praça do Arsenal [Bairro do Recife], eu falei ‘você tá tocando muito’”, disse Maia. E concluiu: “Ele me disse que preferia ter saúde do que estar tocando muito”.

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